Em 1961, a CCUP iniciou a produção de pasta e papel no Alto Catumbela, junto ao rio e à linha de caminho de ferro, de desenho sinuoso. A meio caminho entre Benguela e o Huambo. A principal matéria prima era o eucalipto, misturado com pequenas quantidades de fibra de sisal. Em 1965 a Companhia tinha 9.000 ha de plantações de Eucalyptus salignae em quatro centros. Electricidade, cloro, caulino, madeira e Land Rovers, agitaram o planalto. A fábrica produzia pasta em bruto e branqueada, papel kraft, papel de escrita e sacos. A produção diária era de 70-75 toneladas de pasta e 15 toneladas de papel. Estava projectada a sua ampliação para 800 toneladas por dia. |
De 9000 ha em 1965, no fim das campanhas florestais de 1969/70 as áreas plantadas atingiram os 17.370 ha.
Em 1970/71, 24.000 ha. Em 1972/73, 48.000 ha e, em 1973/74, 58.000, porque a terrível seca comprometeu a campanha. Com a ampliação da Fábrica, estava prevista a florestação de 100.000 ha de terreno. Mas vicissitudes várias do processo de independência de Angola, impediram a concretização do projecto. |
O Caminho de Ferro de Benguela chegou ao Alto Catumbela em 1909. Meio século depois, a Estação do Alto era uma tabuleta, uma casa térrea e um poste com uma lâmpada cercada de insectos,
primeira imagem da "cidade", para milhares de moradores.
Depois, destruídos pela guerra, os comboios deixaram de rasgar o horizonte e ficaram confinados aos 34 km entre o Lobito e Benguela. O dia 28 de Novembro de 2001 marcou uma nova etapa. Terminaram os 99 anos da concessão de exploração e reverteram a favor do Estado angolano todos os meios fixos e circulantes da Companhia do Caminho de Ferro de Benguela SARL. Foi então anunciada a ligação do Lobito ao Cubal pela variante, 153 quilómetros sem passar por Benguela, para o primeiro trimestre de 2002 ... mas a ponte da variante do Cubal estava pior do que o previsto e havia três pontes metálicas que não tinham sido consideradas... Falou-se depois em Agosto mas, em Novembro de 2002, a chegada ao Cubal foi adiada para Dezembro. Em Março foi anunciado novo adiamento, com as obras limitadas à colocação de brita e pedra, por falta de travessas, e só em Maio de 2003 engenheiros portugueses e técnicos angolanos começaram as obras de recuperação da ponte sobre o Rio Cubal, que ficaram concluídas sete meses depois, no dia 6 de Fevereiro de 2004. O tabuleiro, em betão pré-esforçado, possui seis tramos de 25 m. Um deles foi totalmente demolido e reconstruído, assim como um dos pilares de apoio. Finalmente, no dia 18 de Dezembro de 2004, foi reinaugurada a variante Lobito-Cubal que só arrancou definitivamente em Julho de 2005 devido a obras na ponte sobre o rio Halu. Em Novembro de 2005 o director do CFB anunciou ser intenção do governo fazer chegar o comboio ao município do Luau, a 1.301 km da cidade do Lobito, no prazo de três anos, com recurso a uma linha de crédito da República da China. Esse crédito veio acelerar a reabilitação total, com desminagem, reposição de linhas, construção de pontes e estações, e reparação de locomotivas. A empreiteira chinesa China Railway 20 Bureau Group Corporation (CR-20) previa terminar em Maio de 2010 a reposição de carris e retomar em 2011 o transporte de passageiros entre o Lobito e o Luau. Mas foi só 30 de agosto de 2011 que teve início a exploração comercial do trecho compreendido entre Benguela e o Huambo, foi em 2015 que o comboio chegou à cidade do Luau e foi, finalmente, em 2018 que a linha voltou a funcionar em pleno, com transporte de cobre e cobalto da República Democrática do Congo até ao porto do Lobito. O Governo angolano investiu cerca de 2.000.000.000 de dólares na recuperação do Caminho de Ferro de Benguela. |
Os arquitectos portugueses Bartolomeu Costa Cabral, A. Freitas Leal e
Nuno Teotónio Pereira, foram os autores da "minicidade industrial" da Companhia de Celulose (Alto Catumbela, 1958-59).
Três bairros habitacionais, um Clube com uma sala de cinema de 210 lugares, campo polivalente, piscina, o melhor campo de golfe do sudoeste aficano, tudo isto, completamente gratuito para os sócios do Clube. Mesmo o consumo de água e electricidade, nas casas da CCUP, era suportado pela Companhia. |
O ano de 1961, marca a evolução política e social, com o início da luta armada.
No sector da Educação, intensificam-se esforços para criar bases culturais bem alicerçadas.
Os governantes portugueses pretendem deste modo consolidar o domínio político, entravando a formação da consciência nacional angolana e aspirações de emancipação.
No dia 8 de Fevereiro de 1961 foi extinto o posto e criada a Escola Primária nº 168, no Alto Catumbela.
( Martins dos Santos - Cultura, educação e ensino em Angola )
9 anos depois, passou a ser possível fazer o exame do 5º ano na Ganda. Um despacho de 4 de Agosto de 1970, criava a secção da Ganda do Liceu de Benguela. |
Em baixo, duas imagens separadas por quase 40 anos...o que resta do Colégio...onde as aulas continuam... |
O rio Catumbela, à escala angolana, é um rio pequeno, com pouco mais de 250km. Nasce a Sul do Cusse, no Planalto Central,
província da Huíla e desce apressado quase 2000m, entre terra vermelha e rochas graníticas.
Por vezes, descansa numa curva e alarga. De Caluquembe até perto do Alto Catumbela, corre para Norte. Aí, encontra o caminho para o mar e vira a poente. Chega à Catumbela, perto do Lobito, já cansado, depois de ter alimentado as barragens do Lomaum e do Biópio. A Escola Primária ficava no Bairro 3 e quem morava no bairro 1 ou 2 atravessava a velha ponte de madeira, que parecia ceder todos os anos, quando o rio transbordava, furioso e vermelho. Hoje, três décadas passadas, o mato cresceu e é difícil descobrir onde ficava a velha ponte. |
As piscinas... que, na verdade, eram duas, porque havia uma outra, no Bairro 2, nas terras do Tchimbira, perto do rio. Demasiado perto do rio, porque ficava cheia de lama durante as cheias e até lá ficou preso um jacaré. |
O Clube, com a "biblioteca" e os campeonatos de Xadrez. Os bilhetes que não era preciso pagar e os mesmos filmes, vistos 3 vezes por semana, em 2 ou 3 sessões diárias. O Bar da Ultracel, com uma queimada pintada por Hilário da Eira Rebelo, e a esplanada virada para o Bairro. |
E, já agora, o freguês que se segue! em duas fotos enviadas pelo próprio Fernando Coelho.
José Romeiro é o cliente que está a ser submetido ao sacrificio, e os sentados em lista de espera são o Ernesto Simões e Pedro Tirado. |