A Pedreira (Quitavava): Gigante de granito, com enormes lagartos azuis, coelhos da pedra (ocauino), cacos de barro e pontas de flecha ancestrais.
Quem a subiu e olhou a paisagem, exausto, conquistou um pedaço de céu, a 1387 metros de altura máxima absoluta, 150 metros acima do vale, transformado
num tapete a perder de vista, com árvores minúsculas e uma teia de carreiros finos como riscos.
A magia é total e prende a respiração. Vestígios de culturas ancestrais, trazem o som de tambores e danças de ovinganji ao povoado fortificado da Quitavava, desaparecido no tempo. |
Localização geográfica: 14º 45’ 5" Long. E. / 12º 56’ 15" Lat. S.
Esta zona pré-histórica do Sudoeste é, depois da Lunda, no Nordeste, aquela em que em Angola se conhece maior número de estações pré-históricas, desde o Paleolítico antigo à Idade do ferro. Quitavava representa um enorme complexo defensivo, construído, a oeste, por patamares artificiais limitados por lages graníticas e no interior preenchidos por terra, precisamente onde o ataque era mais fácil, o declive menos acentuado e a existência de uma única muralha impossível. Quando a ameaça do inimigo impedia a utilização das terras férteis dos aluviões do Rio Catumbela, poderia ser praticada agricultura de subsistência em dois desses pequenos vales. Noutros pontos existia um «colo» apertado, cortado por uma muralha de lages graníticas horizontais. Cerca de quinhentas construções circulares atestam o número de pessoas que terá vivido no alto deste rochedo. |
É difícil uma datação exacta da estação da Quitavava, considerando a tradição dos povos da Província de Benguela de se defenderem em pontos fortificados pela natureza, como as montanhas e as embalas.
Na Pedreira, são abundantes os fragmentos de vasos cerâmicos, na sua maioria lisos, e peças líticas como lascas atípicas, seixos afeiçoados, núcleos, raspadeiras, lâminas, etc.
A descoberta de um tubo de fole de ferreiro é bastante significativa, pois tubos análogos surgiram noutras estações da região, como na aldeia fortificada da Pumbala (Pedra do Elefante), na fortaleza da Serra do Hondio e numa oficina de fundição de ferro conhecida pela designação de «abrigo 1». |
Notas finais:
Os "cacos", encontrados por mim entre 1967 e 1973, foram trazidos em 1974 nos 20 Kg de bagagem que pude transportar. O texto foi baseado nos trabalhos publicados de: Jorge, Vitor Oliveira, Breve introdução à Pré-história de Angola - Suplemento literário de 8 e 15 de Novembro de 1973, Diário de Lisboa. Jorge, Vitor Oliveira, O Povoado Fortificado de Quitavava - Revista de Guimarães Nº85, de 1975. Jorge, Vitor Oliveira, Novas estações arqueológicas do sudoeste de Angola - Revista de Guimarães Nº85, de 1975. Jorge, Susana Oliveira, Vasos cerâmicos do «abrigo 1» da Ganda - Revista de Guimarães Nº86, de 1976.
A IDADE DO FERRO NA TERRA DO GED |